terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Para meu querido neto...

Eu nem sei ainda como será seu rosto, mas já passei muitos instantes imaginado, se você terá olhos verdes como os da sua vó e furinho no queixo como seu avô, espero que tenha perseverança e muita força como ele. Já que falamos sobre esse assunto, por um acaso, por uma força maior, seu querido avô resolveu passear em outros caminhos, mas como sua tia é historiadora ela jamais se furtaria de narrar sobre aquele senhor barbudo que caminhou por aqui. Ouso até escrever uma carta como se fosse dele para você meu pequeno.
"Querido Eduardo, opa Dudu, meu neto. Seu avô tem uma larga experiencia e uma vida muito diversificada, portanto posso deixar alguns recados.
A vida é repleta de escolhas ( tive essa conversa com todos meus filhos, com meus netos não seria diferente) você deve sempre optar pelo que é justo e bom, não só para você mas para todos que ama, até para os que não conhece. Lute por tudo que acredita, ainda que muita gente vá olhar sem compreensão, não desista de nada, estude muito, mas aquilo que ama, seu ofício deve ser sua paixão e para ser bem feito só com muito afeto.
Esteja em comunhão com todos que você ama, mude se for necessário, reveja sua vida, demonstre carinho. Aprenda a comer x-salada com Choco Milk, aprenda também a nadar em rios, comer croquete (receita da sua bisa), abrace muito sua vó, ela fará todas as suas vontades."
Ele assim como seus pais iria te dizer que ajudar e ter integridade é algo importante, ele te daria muitos livros, iria dizer que a educação é a maior e melhor herança, que Chico Buarque é o melhor compositor do mundo que Bethânia canta com a voz de Deus,  Fernando Pessoa é o maior poeta de todos os tempos.
Ele iria colocar você no banco de trás do carro para você conhecer os boêmios, intelectuais, trabalhadores e diria que todos eles tem um valor imenso, falaria sobre a importância da politica e do debate.
Se algum dia você ficasse chateado sairia dar uma volta em um fim de tarde na cidade para te dar um conselho e com ele você sempre poderia contar. Ele diria que comprar livros não é gasto e sim investimento que sempre temos que ser melhores, mais criativos, mais humanos e que a beleza da vida deve ser celebrada... ele também iria colocar você no colo e reclamar do peso, você teria feito jogos da loteria e assistido filmes de ação, ele sempre indicaria livros, programas de televisão e canções novas. Assim como fez com todos nós, inclusive com a vida de uma pacata cidadezinha do interior,  ele faria diferente, só porque ser diferente é importante e mais importante que tudo é seguir o próprio caminho e enfrentar as batalhas por nós mesmos e por quem caminha conosco.
Esse seria a sua melhor e mais amada referencia, ou melhor,  é sua referencia de quem nunca esteve no mundo assim desavisado, mas que veio para sacudir e arrebatar, a alma artística que ele te deixa de herança.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

as mentiras dos tempos

Meu querido primeiro eu quero te desejar uma boa noite, de sonhos de tranquilidade, sem dores, sem pesadelos.
Depois que eu te deseje uma longa noite nos braços de Morfeu (para não ser repetitiva), queria muito dizer sobre o que sinto e sobre o que penso.
Mesmo que pareça bobagem, mesmo que seja muito batido e rebatido, mais do que clichê, pensei sobre a vida, na verdade me fiei na passagem dela.
Notei que eu nunca havia atentado para o sabor das coisas, certas coisas ardem, outras adoçam, nunca imaginei cheirar coisas com vontade, apenas cheirava,  hoje noto a suma importância dos cheiros nos acontecimentos. Eu jamais entenderia a maravilha da minha infância sem cheiro de Choco Milk, groselha e guarda-chuva de chocolate.
Outro sentido importante é o tato, e se não eu soubesse da sua mão grosseira de gente grande para passear por aí?
Meu querido como deixei passar tudo isso de maneira indolente, irresponsável ?
Quer dizer então que um dia eu deixei tudo de lado?
Então fiz uma retrospectiva silenciosa.Eu nasci, me registraram com essa graça, não contentes em me deixar exposta aos civis fui fazer parte  da sociedade religiosa para ser moralmente respeitada. aí fui me educar, para aprender a ler aprender, apreender e bláblá. Fui trabalhar, ganhar dinheiro, cumprir, gastar, consumir.
Mas, meu querido seja sincero como você sempre foi, aquela coisa de nos olharmos e sabermos. Quando foi que a vida passou pelas janelas das casas em que eu sobrevivi e não vivi?
Passei uma tarde pensando, uma vida e ainda não entendi.
Quando foi que deixamos de nos aproximar mesmo que para discordar?
Deixamos a vida se reproduzir de maneira mecânica e matemática, hoje quando tempo não parece infinito e sabemos que seus braços e abraços são  findos,  meu olhar sobre seu pequeno corpo de monge tibetano, agora prefere notar seu cheirinho, suas mãos ainda grosseiras e falar sobre coisas e mentiras que apenas nós dizemos um para o outro.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um minuto

Eu costumo olhar pelas grades da janela do quarto, ver a mesma rua, a mesma vizinhança todos os dias pelos losangos que me protegem e me impedem de atravessar a vizinhança, o bairro, o mundo.
Um minuto de coragem é o que me falta para arrancar o que não me permite transpor a caixa em que me enquadro, onde me prendo, um minuto de coragem para mudar.
Quebrar as regras que se impõe pele retângulo feito para olhar e ser olhado com segurança.
E por mais clichê que isso possa parecer a vida passa tão depressa, que não cabe no espaço de uma canção, um dia eu posso piscar ou nem mais abrir os olhos para a vizinhança que acompanhou o crescimento, a rebeldia de butique, o diploma, a vida assalariada.
Eu poderia ter menos de um minuto de coragem para não deixar nada escapar. As rugas dele e dela que tentam transitar por uma existência ainda me parecem distantes, foram sessenta anos de caminhada, vinte e sete almejando por sonhos através das grades que podem sumir dali ou ficar por aí para garantir que medo não só se avizinhe, mas que ele permaneça.
Um minuto para correr da vizinhança, da doença, um minuto para correr em direção a ela, e dizer que eu vou viver.
Nesse momento penso nas rugas da testa, dos óculos e da camisa fechada, no barulho das panelas e na vizinhança que acompanha tudo através da grades verdes dispostas a anos. Um cigarro fumado na madrugada, uma lágrima reprimida, uma esperança fujona e a necessidade de um minuto de coragem para falar sobre a saudade, para dar aquele telefonema, um minuto que agora parece tão pouco, que não permite que a canção termine, um minuto do qual vou sentir falta.
Como da primeira vez que se vê o oceano um minuto que se basta, uma poesia ruim, para não estrangular o mundo que se avizinha o tempo que finda.

sábado, 9 de novembro de 2013

Hoje desejo ser poeta, pois esses seres que pelo mundo passam deixam uma obra de beleza, apenas eles sabem sobre a beleza das coisas.
Desejo de todo coração escrever versos, um poeta olha uma cortina balançando ao vento e enxerga a saia de sua amada a rodar no samba, um poeta veria o azul do céu nesse dia esplendoroso e conseguiria deixa r esse azul ainda mais doce. Falta me faz ser poeta, eles bebem com classe, fuma cm charme, conseguem transformar o disforme em forma de amor.
Lamento por não ser poeta, pois se eu fosse, escreveria um poema sobre o verde peculiar dos olhos ainda renascendo de uma noite de uma longa noite de sono, porque se eu falasse em estrofes sobre os desenhos, que consigo ver m todos os lugares quando encontro certo aconchego que nem o cobertor da infância traria.
Se eu fosse como o Vinicius eu escreveria um soneto para você, mas me falta o talento do Neruda para falar de sentimentos. Eu sei sentir, mas não como os poetas, porque se eu soubesse você ia ver só....
Seus olhos de preguiça e de ressaca como os de Capitu seriam os felizes proprietários dos versos mais bonitos.
Como não sou poeta, mas sou larapia furtei para o colo mais gostoso da galaxia, muitos poemas e uma meia duzia de canções de todas as culturas, quem sabe se eu fosse pintora saberia também poderia pincelar sobre aquilo ou aquele, sabe aquele, você sabe não é?
Como me faltam uma meia duzia de palavras ou mais nessa prosa mal escrita... achei de bom tom roubar um verso...
verso que fica em segredo para ser entregue me papel as escondidas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ausência de titulo

Certas coisas nos perseguem, parece que certas dores ou tropeções fazem parte da nossa existência, mas você só reconhecerá essa dor quando ela bater a sua porta pela terceira vez.
Em uma tarde ouvi pela primeira vez a noticia, ela doeu, mas ainda eu a suportaria, ela se desfez e depois se prolongou até encontrar a pior manhã de janeiro, ainda meio fria. Mais um pouco antes esse mal agouro ressurgiu, durou um breve tempo e mais uma vez alcançou seu cume e levou aquilo que eu amava, um pouco antes do janeiro, depois ela se vestiu de revolta com Deus, com os sistema, uma inconformidade e depois vazio e depois o tempo.
Entretanto, os carmas não te abandonam, os destinos se que eles existem. A felicidade que parecia cálida, tentou se assentar,  agosto termina e setembro vem vindo manso com manchete se repetindo. Mais uma vez me encontro assombrada.
Em conflito constante me sentindo uma grande egoísta, por não suportar ver aquele que tanto amo deixar de existir lentamente, não apenas o físico esse resiste, mas a figura de devoção se vai todos os dias um pouco. Não escuto mais a gravidade da voz, nem mesmo a garra, os palavrões os rompantes cheios de paixão esses me deixam a acada refeição e manhã um pouquinho mais solitária.
Tantas vezes me perguntei se suportaria?
A resposta é clara a cada dia que não vejo aquilo que me fez, deixo também de existir, os interesses, aquilo que foi construído com tanto cuidado quando visitamos a padaria e sentávamos no balcão isso está me deixando a cada quilo que some do seu rosto, a cada sentimento que não reconheço.
Sim, eu sou uma grande egoísta que sente tão sozinha por não poder ver mais certos brios e brilhos na figura tão cuidadosamente construída por meus olhos. Meu coração se parte e vai embora para não voltar, quando não vejo mais o que me fez seguir.
Não vejo mais graça em ouvir Chico nem Zé Ramalho e daqui uns dias nenhuma canção nem mesmo a mais bonita da Maysa, que diz assim:
" Oh tristeza me desculpe estou de malas prontas, hoje a poesia veio ao meu encontro... vamos viajar"
Eu arrumei as malas para partir  para longe dela, mas acabei ficando e hoje o lamento que eu queria abandonar se faz presente como minha companhia por perder a cada nascer do dia aquilo que me fez.
Lamento profundamente por pensar assim, de fato eu desejo a redenção e a cura de um corpo doente e ainda que eu não veja mais você nos meus olhos nem me veja nos seus desejo que encarecidamente que fique, para eu poder segurar a mão que me fez atravessar avenidas.
Não enxergo no mundo algo mais cruel do que perder aquilo que mais se ama.
me despeço sem querer me lamentar, cuspindo no sistema que te condena a uma espera injusta, dolorida, me despeço dizendo não existe nada em galaxia alguma que me tire dessa briga por você... que até os confins eu iria e eu vou.
Deixo um beijo cheio de ternura dizendo que eu sinta saudades de você vou fazer você ficar.

domingo, 20 de outubro de 2013

Breve relato sem sentido

Eu ganho chocolate de madrugada, um privilégio de poucos, quem é que ganha chocolates assim sem datas?
Fora o fato de sempre existir uma mão para apertar a minha e não é qualquer mão, são aquelas de dedos bem longos, bem branquinhos.
A quase meia duzia de meses eu durmo no escuro, pois não tenho nada a temer, lá estão os braços longos que não permitem que os filmes e fantasmas me aterrorizem, posso fechar os olhos com a tranquilidade de encontrar aquele esverdeado dos olhos, muitas vezes bem inchados e mal humorados.
Eu posso sair tomar sorvete e cerveja no sábado a noite, ver um filme dormir ou beber com todo mundo e com você que fez até uma forcinha para comer peixe cru.
No domingo que se arrastou, senti aquele cheiro, cheirou de você, economizei o cheiro para poder cheirar antes de dormir. Mostrei a gaveta onde escondo os chocolates, sempre tomamos sorvete de morango, pois tem que existir um azedinho.
Você prefere gatos e eu cachorros (mas gosto muito de gatos) aqui em casa tem os dois,  você é arte e eu política.
Tequilas, bandas, comidas, cervejas e dar risada e ainda ganho, beijos, os quadrinhos mais e companhia, poxa sou uma sortuda!! é bom mesmo sorrir, devorar suas covinhas com sorriso....
E ainda ganho chocolate de madrugada!!!
É essa quase meia duzia de meses está me fazendo um bem danado, eu bem que poderia fazer uma lista... mas prefiro fazer um relato sem sentido para aquilo que tem muito sentido.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Tempos

É esse são tempos difíceis meu bem, são tempos de dores, ninguém propõe amor em tempos de grandes guerras, você me propôs companheirismo quando as adversidades eram a escolha de bar, a posição da cama ou lugar para jantar, mas esse meu querido são tempos de lamurias e ainda assim você ficou.
Para quem sempre desejou a verdade, eu me lamento sobre a verdade, eu preferia não saber, seguir minha vida de cotidianos e pequenos aborrecimentos, de almoços curtos, brigas logas, palavrões prolongados.
É meu bem a vida mudou assim que eu pestanejei... nem deu tempo para suspirar e tudo aquilo que me fiava foi findando.
Hoje meu docinho as coisas são diferentes, nesses dias não saio na madrugada, não como carne, não sonho com bobagens, nesses dias que se seguem penso em coisa séria, escondo os cabelos brancos, choro miúdo, meu anjo porque aqui nada mais é assim.
Aqui os tempos são de dores e esperanças, nada aqui tem palavrões gritados, ao contrário tem cães correndo em silencio. Tem chinelos arrastando atrás de esperança.
Esses são tempos de força meu caro, tempos em que todo mundo almeja por uma coisa só. Tempos de acreditar e desejar do fundo do coração.
Agora o tempo de chorar se foi meu amor, agora é tempo se esperar, de pensar em fé.Os acontecimentos resolveram mudar o rumos das estações lá fora, que hora chove, hora abre um sol tímido.
A meu amor o que eu diria para você aos soluços é que desejaria que esse tempo nunca chegasse a tempo.
E agora explicaria que esse lugar ficou bem vazio, sem a gritaria, sem as piadas rabugentas.
Eu poderia dizer que nada permaneceu onde estava ( que nem acho isso ruim) mas, as nuvens mudaram de lugar.
Se você sentasse na mesa do bar eu iria rir, gritar muito, chorar mais um bocado, pois a época é de batalha. Devo dizer meu afeto,  que essa é era da conquista, de algo maior, que eu dormi e nem sequer senti quando tive calçar as botas e ir lutar.
Esses meu amor são tempos de matar oponentes e beijar aliados.
Nada tenho a dizer, mas esses são tempo, essa é a época, esse  é o milênio de viver para não deixar nem fresta nem rusga, esses são tempos de viver.

sábado, 24 de agosto de 2013

agente

E aqui ao som da cerveja, ao gosto do Alceu, criei um um pronome, afinal se eu fosse explicar o que eu sinto, não caberia nem na primeira nem nem na segunda, caberia no meu pronome.
Eu já escrevi sobre pessoas, e falava especificamente sobre elas... mas para você cabe mais.... e não é só porque você é uma gracinha... todo mundo sabe que você é doce, mas ninguém sabe quanto.
Então se eu fosse falar de você eu tenho mesmo que criar um pronome, porque não digo sobre você separado, imagine que sem graça seria dizer sobre sua brancura sem minha cor. Não teria a minima audiência a sua carinha de bom moço sem mim.
Então o pronome mais do que pessoal é: " a gente", porque a nós somos o que faz as coisas criarem gosto. e se eu disser que somos parecidos, estarei contando uma grande lorota, a gente é diferente, é isso que torna tudo isso bom. Sempre fico imaginado a vida com alguém assim, assim, putz!!! morri de tédio.
sabe porque o pronome persiste porque entre nós existe um abismo de gente diferente, e é isso que faz de "nós "a gente" nós é muito sem graça eu posso ser nós com qualquer um, mas com você eu posso ser a gente. Ali eu divido leite, ovos,  chocolate e manteiga, é quase um bolo, mas gente , a gente é muito melhor.
Por a gente compartilha, a gente faz acontecer com ou sem tequila, pois nós dividimos anseios.
A gente funciona pois você come carne, toma cerveja, fuma um cigarro para relaxar. agente funciona, porque eu durmo antes e você bastante. A gente como agente funciona porque o os gatos dormem em nossos pés, a gente funciona porque temos amigos, porque compartilha de profissão é demais, mas nunca de pesquisa, a gente funciona pois é uma delicia,  já que você cheira limpeza e casa de mãe enquanto eu cheiro suco de manga.
E se eu fosse criar uma língua acho que começaria pela gente, porque a gente tem cara e tem cor, por que a gente tem cheiro, tem gosto, porque a gente não deixa passar, por que a gente só existe se for a gente.

domingo, 2 de junho de 2013

Plano B

A palavra de ordem sempre é a coragem, eu nem sei bem, mas acho que ela vêm disputando espaço com a covardia, pois falhar, dar com os burros n'água é bem frustrante, a cada vez que uma nova oportunidade surge, uma série de planos são traçados, e todo mundo fica imaginando, como vai ser, o cheiro, os trajes, os sabores, os sons, tudo então é idealizado, mas como nem tudo é assim, o plano ideal vai ficando de lado e o que resta é o real.
A verdade é que fracassar te deixa devastado por um bom tempo, enquanto você cata os cacos do que poderia ter sido, não consegue entender o Porquê? sempre vem alguém que vai dizer que tudo tem uma razão de ser, que você fez o que deveria ser feito, que a lição é algo importante, mas a grande verdade aquela que ninguém admite, é que você vai levantar, bater a poeira, dizer que está tudo bem, que não foi nada (como quando você tropeça na rua, morre de vergonha e diz para alma caridosa que te estendeu a mão, não foi nada) lá dentro do seu coração você cria um certo receio.
Ninguém quer ficar desolado, ninguém quer jogar os planos fora, pela janela.
Todo mundo quer conseguir chegar ao cume e por isso se debate, rebola, requebra.
Hoje meu peito que se faz de corajoso, está receoso, com medo do porvir...
Como será se reconstruir?  Qual será a alternativa?
Mas, essas são cenas dos proxímos capítulos.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sobre tempo e as distâncias pecorridas

Eu cometo ousadias, gosto delas.. a ousadia da vez é falar sobre o tempo
Já notei faz um tempo, que o tempo me enlouquece, quando saio de madrugada para o trabalho, vejo a lua, imagino como irei vencer aquele dia, quando eu nem me dei conta a lua está lá novamente e eu nem senti os acontecimentos.
Amanhecer em uma cidade e anoitecer em outra, sempre reflito sobre isso, sobre como a distância encurta os tempos, sobre como em um dia as coisas viram do avesso e nada existirá a não ser a memória para ser compartilhada.
Quando eu estava nos primeiros aninhos de estudo sempre me imaginava como uma veterinaria que iria cuidar, viajar conhecer animais exóticos na ilha de Galapagos ou qualquer outro lugar, chegaria bem pertinho de um Dragão de Komodo e teria muitos cavalos em um sítio, seria uma grande amazona. Quando não muito tempo passou, os planos mudaram, a vida mudou, aí eu já me imaginava viajando o mundo como arqueóloga e historiadora, seria uma doutora renomada, escreveria muitos livros, revolucionaria o mundo assim, assim o tempo se foi.
Hoje ainda não sou doutora, mas historiadora, reflito sobre o tempo, a soicedade, pego a estrada para uma pequena cidade que tem appenas 4.000 habitantes. Ainda quero revolucionar o mundo, ainda quero escrever muitos livros e devorar outros.
Contudo o retrocesso feito junto a minha memória é mais curto, faz um ano... uns meses, na verdade ele ainda está no tempo presente. Um dia eu pisquei e tomava o ônibus, já voltava de Minas Gerais, quando saltei em São Paulo e já sabia que aquilo iria ficar para trás, mesmo que eu não acreditasse, outro dia pisquei novamente estava em outro lugar e em outros lençois, vivendo uma outra história, sem nem perceber dessa vez fechei os olhos e ali eu fiquei, por um quase 270 dias, eu fui Bossa Nova, sem me preocupar com os males, do mundo apenas com meu coração, apenas com quem compratilhava meus jantares. Durante esse tempo que calculado em meses nada significa, mas que somam 6480 horas eu sorri para meus amigos, comi bolinhos, comprei flores, cozinhei, ri e compartilhei tanto, muito afeto, muitos risos, algumas milhares de cervejas, cochilos, viagens, bancos, blusas.
Duarante 9331200 minutos flutuei, fui feliz, tinha os programas mais deliciosos de domingo, meus amigos de longa data sempre juntos a mim para poder cuidar a uma distância de 244 Km eu poderia sorrir mais, esses aproxidamente 1952 Km pecorridos em espaço de tempo tão curto essas 72 horas de ansiedade para chegar a hora de ter as malas carregadas em direção a alegria ao que julgava ser pisar em grama verde.
Hoje me lembro que apenas pisquei, mudou de novo, o tempo virou, hoje caminho em outra direção, peço para o tempo voltar ou avançar para eu poder ficar na direção certa, para não precisar me perder no tempo e na memória para acontecer de novo, melhor, mais feliz e para poder ser sempre tempo presente e não passado, para não correr na virada de um ampulheta, no tempo do relógio, no piscar de olhos, para mudar e teletransportar para o presente aquilo ou aquele que me deixa feliz.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Alô, Alô...

Certa vez uma pessoa que acredita em muitas coisas, inclusive na filosofia oriental me disse que nossa casa é o espelho dos nossos pensamentos, pois bem hoje minha casa não é só minha eu divido ela com mais alguns habitantes, mas meu quarto ainda é meu, e quer saber ele está um caos.
Sinceramente comecei a acreditar nisso, visto que minha mente se encontra em tal estado, em perigo bagunçada, existem calaçados, roupas, livros, cartas e documentos por todos os lados, sem contar um guarda-roupas lotado de coisas de um tempo que já se foi.
É a partir das minhas observações do cotidiano que acabo juntando as letras dentro do caos, tenho chegado a conclusões um tanto assustadoras.
Minha vida é um terno faz de contas, que só acontece no que está sobre meu pescoço e na tela do computador é ali que estou vivendo nos ultimos tempos. Nos seriados, filmes, ali eu já salvei vidas, mudei o mundo e mais ali eu fui amada com todas as minhas idiossincrasias, ali a minha existência tomou importância. Essa é uma conclusão patética, contudo absolutamente real, sendo paradoxal, a realidade é que não vivo no plano real, mas sim no mundo da lua e é de lá que eu me comunico, lá minhas fantasias estão criando movimento.
Como diria Lucas Silva Silva:
- Alô, Alô Planeta Terra chamando.... essa é mais edição do diário de bordo, do meu diário de bordo, onde tudo pode acontecer........
No mundo da lua eu estou em uma vida que tenha sucesso, em algo diferente, cheio de gente, agitação das boas, com as melhores músicas, amigos.
E o plano real? aaaa deixa para depois, quando estou ali no Mundo da Lua, tudo pode ser, tudo pode rolar tudo vira uma fotografia, uma cena de filme, lá a vida acontece?
Quando foi que eu deixei de ser alguém interessante, iventiva sim, mas executora para ser apenas inventiva aqui dentro?
Quando foi que eu deixei qualquer frustração me deixar ir embora e não voltar mais desse plano onde tudo é maravilhoso e eu vôo de uma praia nas Bermudas para a nuvem dos ursinhos carinhosos, escapo de de uma caixa de papelão e tomo um balde de sorvete.... fiquei presa?
Deixe de viajar fisicamente, para não voltar mais do plano da imaginação?
Sempre me pergunto como eu era aos nove anos? Essa mesma pessoa que me falou do quarto, disse que eu era confiante, criativa, segura, tranquila e feliz.
Lá no Mundo da Lua eu sempre acho que sou, mas aqui que não é o mundo das idéias, onde as esquinas são de verdade, os cães latem e lambem, onde nem sempre é verão, em que estação do ano eu fui embora? qual foi a esquina que eu dobrei? qual foi a nave na qual embarquei?
Sei que quando fechos os olhos ou ás vezes com eles bem abertos ainda posso sentir aquele mundo se materializando para depois ir embora.

domingo, 21 de abril de 2013

Para quem tem pés de bailarina...

Eu quero uma casa no campo.... opa não era bem isso que deveria ser dito agora, às vezes eu acho que eu entendo o que você quer, existe uma espécie de sintonia entre o que nós conversamos.
Não é que eu não queira uma casa no campo, gostaria muito, aliás eu tenho muitos desejos, eu quero muita coisa, muitas vezes meu unico desejo é ficar sozinha, não gostaria de um abraço, porque se não quem sabe uma lágrima rolasse.

Asssim como a senhora, eu também desejo alguém atencioso, para dividir um copo de água ou mesmo um de cerveja, que só para variar me levasse para dar uma volta com os cachorros, com quem os silêncios fossem confortaveis.
Eu sei bem que fazia um tempão que a gente não se via, que a principio eu fiquei um pouco cheia de dedos para falar com você, mas Deus como eu sentia saudades!!!
Sei também que a gente gosta de se degladiar, que quando você está de TPM é o diabo de saias, mas também sei que eu não ligo, que cada tapa é necesário, porrada de amor não dói, mentira dói sim, contudo são necessárias para as coisas funcionarem.
Você pode achar uma grande maluquice da minha parte, você pode estar achando esse texto uma merda, um erro,  eu não estou nem aí... sei que você mais do que qualquer outro ser humano acredita na mudança de certas coisas, e nem quero apelar para discussões acadêmicas...
Sorri muito ao ver a senhora sorrir, saber que você ainda dança muito bem, que você ainda é carnivora, que você é você mas um você melhor, mais madura, mais maneira, mais Radical Chique, que ainda tem ares de Paris, e sorrisos abrasileirados muito peculiares.
Nem sei o motivo, mas me deu vontade de publicizar o quanto essa visita foi importante, o quanto certas conexões são legais, queria dizer que etsmaos ai, para te dar um tapinha nas costas e dizer que se não quiser uma casa no campo tudo bem, acho que você poderia morar em um apartamento em Paris ou mesmo em bangalô em Jeriquaquara, porque para você mais do que para qualquer outro a felicidade cai bem!

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pertencimento

Você me deixou fazer as malas, me deixou andar em direção oposta, eu ainda esperei por um retorno, minha bagagem ficava ali a disposição para correr em sua direção, sem pestanejar eu cruzaria o país, cruzaria o Atlântico, entraria em um pequeno bote e remaria até não ter mais forças. Com o tempo eu desfiz as malas, acomodei os vestidos, reorganizei tudo em seu lugar, mas o lugar ainda não era esse.
Você ainda insistia em não aparecer para dizer que se arrependeu, ou só para dizer que você leu com carinho minhas palavras, mas não foi bem assim você deu seguimento a sua exsitência, saiu com pessoas novas, conheceu novos bares, novos caminhos diferentes daqueles que passavamos cotidianamente, eu ainda insistia nas mesmas lembranças, nas mesmas vontades.
Eu bem que avisei um dia tudo vai passar, mesmo que eu saiba que essa noite minha cabeça foi sua, para acender mais uma esperança, para eu revirar suas fotos que estão guardadas, mesmo que eu ainda esteja escrevendo um texto ao som de uma música triste com som de piano que deprime e uma voz suave que faz meus olhos não suportarem, eu estou nascendo de novo.
Renasci, e nada irá me tirar o desejo de lutar por algo melhor, por um futuro de sorrisos e não mais de saudades escondidas.
Aquela mala que eu organizava para você dia após dia agora é minha, eu recoloquei uns cheiros, uns livros, umas roupas e umas músicas bacanas e tomei o caminho oposto. Eu atravessei um linha tênue para outro lugar, não foi apenas uma travessia geografica, foi também um tempo de travessia, uma transição para um outro plano ou melhor outros planos.
Eu ri de verdade (faz um tempão que não conseguia), eu ouvi outras músicas eu dancei, suei até não poder mais, eu abri meu coração para gente que eu conheço e que me conhece mais do que você. Eu dormi uma noite toda, comi em um restaurante com a companhia de amigos de longa data, fui a livrarias comprar presentes para mim, pintei minhas unhas e meus lábios de carmim, sabe para que?
Para que eu mesma olhasse e finalmente sorrir.
Segui outros caminhos, cheguei em outros caminhos, fui aceita com toda minha poesia e amor, vou  ser aceita por diversos motivos, reecontrei o que eu havia perdido por uma paixão burguesa (parafraseando um professor) meu caminho está sendo refeito em outra direção.
Se eu disse que ainda não doi ou não vai doer, seria mentira, ainda estou derramando lágrimas incessantemente, mas os tempos de travessia são assim mesmo, eu já consigo vislumbrar alegria por ter sentido outra boca, por ter seguido outro rumo, por me pertencer novamente.
E mesmo que eu tente relutar me pego pensando ás vezes o que você fará quando nem mesmo minhas noites de sono te pertençam?
Devagarinho você vira uma lembrança, ora dolorosa, ora feliz mas ainda uma lembrança.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Prosa e Poesia

Fui fazer auto análise, descobri coisas horriveis, não sou poética, não existe uma nesga se quer de Neruda em meus olhos, existe sim Pessoa em minha pele, mas meus olhos me pareceram janelas vazias, sem objetivos, sem rumos para seguir.
Fui olhar para o espelho e nada mais que o cabelos brancos a me seguir, nem uma canção, nem uma fábula, sem ensinamentos apenas as marcas da passagem do glorioso tempo, dos excessos.
Demasia em tudo, na paz, na raiva, na magua, na tristeza, na alegria, na força, na dor.
Esvaziei meus olhos, meus obejtivos, meus sonhos, minhas dores. Sobrou uma casca muito fina do que restou, em ano durante uma curta vida tudo foi levado ao maxímo, ao mínimo em segundos, em meses e muito pouco espaço percorrido.
Não existe mais nem um pouco de Vinicius em mim, não vejo volúpia nem beleza, nos meus cabelos que insistem em ficar ralos. Até mesmo o açucarado e algumas vezes vingativo buarquismo me deixou, penso em poesias, em frases de efeito, mas nada restou.
Quem sabe lá no fundo, por baixo de pele, carne e ossos, pode haver Florbela, mas nem lusos, argentinos, cariocas, podem explicar essa ausência em mim.
A revolução, as paixões teriam me deixado para trás? em mim nada de poesia muito menos cinematográfico, nenhuma obstinação a não ser a fuga. quem sabe eu precisasse de um toque de cinema europeu, ou memso de Almodóvar alguma vingança, algum amor, alguma vontade alguma explosão de Tyler Durden.
Aguardo a explosão, peço por ela, uma lágrima que brote dos meus olhos com o alívio ou mesmo com o conforto de boas saudades de Marina Abramovic, que meus olhos consigam ter o minimo da força dos olhos dos quadros e fotografias que eu tenho observado, que eu reencontre minhas paixões minhas poesias, que eu não tente recuperar apenas um poema, uma canção, que eu recupere meus olhos para enfim viver com um pouco de rima e sem essa prosa chata que anda me assombrando.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Fuga ao som de Roberto Carlos

Ando fugindo do sono, a cada vez que fecho os olhos apenas alguém aparece em um caminho, eu peço para voltar, mas sempre vou receber a tão esperada resposta salto da cama.
Ando fugindo da vida, não quero me manter acordada, o primeiro pensamento e o ultimo já tem proprietário, e não tento mais me enganar, a muito tempo o meu pensar não me pertence.
Ando ouvindo Roberto Carlos, ou qualquer outra música triste que me permita secar lágrimas discretas dentro do ônibus ou embaixo do chuveiro. As pessoas sentem cheiro de tristeza, mas me perfumo para disfarçar.
Ando choramingando pelos cantos as escondidas por não saber, ou não entender. Busco todos os dias uma teoria na sociologia e na antropologia, nos astros e na espiritualidade, nada nem ninguém consegue explicar porque as coisas se vão? se voltam?se saudades tem fim?
Todos os dias eu sinto falta do que foi do que poderia ter sido, sinto muita vergonha por ter escrito aquilo, sinto vergonha por entregar alguma coisa para alguém. Aquela foi a primeira carta e a ultima vez que eu entreguei o que me pertencia e já não pertence mais e muito menos sei se vou conseguir retomar o que é meu. Por que ninguém consegue me dizer quando esse prazo de validade estará findo? Por que eu ainda não entendi o proposito, se é que existe um proposito em toda essa choradeira às escondidas?
Será que eu deixei escapar tarde demais que eu já não me sentia mais dona de mim, que meus sentidos foram embora, que eu tenho escondido muito mais do que alguém imagina?
Eu tenho o lado esquerdo do corpo comprometido, procuro a cura, procuro esquecer, mas todos os dias tento esconder o que quer seja, mas todos os dias acordada ou não existe alguém do outro lado de uma trincheira.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Resignação...

Fui olhar novamente o significado de uma palavra no dicionário.
Resignação: espiritualidade, concientização, aceitação.
Faz um certo tempo que ando pensando sobre o tempo, sobre as marcas de expressão que estão surgindo em meu rosto, elas estariam ali por muitos motivos, alegria, ira, tristeza.
Eu envelheci, envelheço a cada dia que o sol se põe.
E ainda não consegui ou tento conseguir me concientizar, espiritualizar, principlamente com relação ao tempo e aos finais.
Nessas ultimas semanas pensei que se escrevesse uma canção, fotografasse, tocasse violão ou mesmo escrevesse um poema tudo se acertaria. Nenhuma canção ou poema foi escrito apenas observei minhas expressões no espelho e não encontrei resignção perante o que aconteceu.
Os finais são tão dificeis, é quase impossivel não buscar culpados, esbravejar, chorar ao ver um olhar artístico.
Ainda olho para as minhas mãos, meus olhos, minha boca, meus cabelos e tento entender o que foi que eles não tocaram, ainda afirmo que fui abandonada por todas as forças superiores, porque tudo escapou ao meu controle, meus amigos foram embora e já não posso ir aos domingos problematizar minha dor com eles, mais velhos e mais espertos. Ainda não entendo o que foi que faltou?
Seria meu espirito envelhecido por certas leituras, minha boca indomável perante a fome, a duvida, a violência?
Seria aquela carta, ou convite que demorou a chegar, a distância que não me permitiu sorrir ao acordar.
Nobreza dentro do meu coração tem me faltado, palavras de saudade em compensação brotam aos montes.
Quero aceitar que não existirão mais almoços de domingo, nem praias para visitar nem blusas para aquecer, que começou e para mim chegou um fim, de textos nesses espaço, de ansiedades, de saudades, de esperas, de malas feitas.
Desfiz aquela mala, escondi no em cima do guarda roupa, camuflei as flores do vestido agora mortas de tanto esperar, por entender que chegou o tempo da resignação, da travessia, mesmo que eu me prenda ao solo, meus pés já afundaram e só me resta ler aquela palavra no dicionário, correr, parar, olhar no espelho e ver vincos formados por saudades e tristezas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ordem do dia

Em frente a um poste que dizia, PARE,  eu parei e proferi o que dias de reflexão me trouxeram:
- Quero ser feliz!
Acho que nunca havia verbalizado esse desejo, nunca tinha exposto minha necessidade de ser feliz, fosse como fosse, sendo quem de fato eu sou.
Essas conclusões não são epifanias, não são causadas por canções saudosas e nostálgicas, elas são fruto de um longo e gradual processo.
Confesso que muitas vezes achei que a tristeza tinha lá seu charme, cheia de melancolia eu escrevia melhor, era mais profunda, mais misteriosa.
Porém, quem foi que disse pra mim que a felicidade não é charmosa, abarrotada de savoire- faire? A felicidade é tão descontralada, tão indecente, tão questionadora.
Por muito tempo se tenta agradar ou usar a razão, quero me despir dessa convenção. Quero estar alegre.
Leituras de ônibus e cabaceira da cama, falavam sobre Sócrates, o questionador ateniense, que dizia em certos momentos que era impossivel ser feliz negando aquilo em que se acredita, criando prisões em torno de si. Resolvi ouvir o filósofo que mora em mim e abrir as portas para o Mundo de Sofia, viver nas pontas dos pêlos dos coelhos, observar o mundo com curiosidade, munida de razão, mas também de um coração cheio de afeto, que me dizia sobre como é fundamental ser feliz.
Você se esconde atrás do labor, das paredes de concreto, mas ninguém deveria se esconder das descobertas e do poder que elas tem.
O vida é tão fugaz, as defesas tão grandes, e os esconderijos maiores.
Lembrar de que algumas pinturas não se formam novamente, de que fruir o que está ao redor é necessário.
Lembrar que as tardes de piadas, os apertos de mão, os lanches nos bancos, os abraços embaraçados, são muito maiores e de suma importancia perante aquele rancor, aquela lembrança de um lugar onde nem discussão existiu, porque a rota de fuga foi imediatamente usada.
E porque só lembrar, porque não tentar?
Ofício do passado nos torna tão duros com ele, ir contra o pêlo parafraseando Benjamin, mas, não deveria esquecer que existe tudo pode ser recriado e certas memórias, mesmo nos pareçam traidoras devem ser mantidas. Não se vive de lembrança, mas se busca na história aquilo que necessário para compreender o passado e não desisitir dele, o presente.
Recomeço, ressignificação, força e doçura são as palavras de ordem.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Férias

Oi tudo bem?
Eu gostaria de contar para você que ainda estou de férias, que tenho ido muito a piscina, tomado muita cerveja, recebido muita gente na minha casa, comido muito peixe, você se lembra o quanto eu adoro peixe? se lembra daquela vez em comemos naquele restaurante japonês? eu descobri um bem melhor é uma delicia, um esplendor para o paladar. Dia desses fiz aquele strogonoff de frango, mas eu sei que você gosta mesmo é de Filet a Parmegina.
Lembra que eu queria ler o Mundo de Sofia, ele chegou, estou lendo devagarinho para ele não findar muito rápido, também comprei mais livros, preciso voltar a me exercitar,se lembra que eu sempre dizia isso pra você.
Agora vou aprender a dirigir, ganhei até um carro, porque não sei se você se recorda eu não sabia conduzir veiculos, em breve você poderia beber bastante, porque eu o levaria para cama em segurança, lembra eu ainda estou de férias?
Ser professor tem lá essas vantagens você dizia, porque eu tenho duas férias ao ano, essas de fim e início de ano são especialmente longas da para fazer muitos planos, da para refazer a vida.
Graças a essas longas temporadas de descanso eu poderia ficar mais de um mês longe da minha cidade, e aproveitar esse calorão que faz ai. A gente poderia até ir para praia novamente, comer muito peixe, muito camarão recheado sem culpa, porque nas férias ninguém faz regime, todo  mundo toma cerveja na hora do almoço. Eu bem sei que você prefere os pratos salgados, mas eu tenho comido muito chocolate, lembro de você, porque certa vez no mercado compramos uma barra de chocolate meio amargo para comer na cama.
Como eu estou de férias eu poderia aprender a dormir mais, você sempre achou que eu durmo muito pouco, certa vez até me fez uma imitação minha dizendo que estava mais ou menos com sono, achei engraçado, mas não demonstrei.
Você nunca soube nem sei se saberá que eu escrevo textos assim... queria parecer tão racional para você.... nem sou racional, sou uma criança, grande, uma bobona, cheia de amores para te dar.
Devo uma visita para nossa amiga em comum, mas as férias estão no fim e não sei se queria que elas continuassem, você sabe não sei ficar quieta preciso de muita atividade. Descanso lendo você sempre dizia assustado.
Hei, mas eu ainda estou de férias, por isso escrevo essa carta as dez da manhã de pijamas, a gente podia estar de pijamas, na sua cama falando sobre a construção social da sociedade, aquela conversa foi tão legal, me senti uma grande intelectual junto de você. Acho que eu nunca te disse, mas sempre achei você um cara muito inteligente.
Eu ainda tenho uns diazinhos aqui de preguiça, poderiamos tomar muito chopp, lembra hum!! aquele dia foi muito engraçado, aquela música cafona que você sempre pedia para tocar, tocaram no violão aqui em casa.  A gente podia se ver um dia desses, para conversar, tomar cerveja e discutir sobre os rumos do país, a sua posição contraria me deixava irritada, mas eu respeitava.
Só para terminar essas férias são as mais legais, mas eu não sou egoista conseguiria dividir com você meus descando eu lembro o quanto você adora descansar e dormir e que eu não deixava, eu nunca descando segundo você. As novidades nem são tão grandes assim, eu estou bem, as férias são muito bacanas, mas e se a gente fosse para São Tomé? lembra que eu tentei planejar uma viagem dessas?
Aquele lugar é a sua cara poderíamos chamar os amigos em comum, eu até iria poder dirigir, eu até poderia dormir mais, nós tirariamos férias juntos eu iria falar sobre meu projeto de mestrado eu sei, mas a gente iria descansar.
Por hora era isso que eu tinha para dizer eu estou descansando tá? Você também? descansa, dorme bastante.... um beijo bem grandão.
Ps: Guardei umas cervejas na geladeira para caso você resolva tirar férias comigo, do trabalho, do mundo, caso você só queira repousar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Receita para o dia que você foi embora

Receita para tirar você da cabeça:
Comece comprando muitos livros, sejam eles sobre filosofia, história, romances,  valem também histórias em quadrinhos, revistas de curiosidades e palavras cruzadas, manter a cabeça muito ocupada longe das antigas poesias é importante, na verdade essencial mesmo é criar, ressignificar aquilo que fazia você lembrar dos cheiros dele, dos cabelos em pé que formavam grandes redemoinhos quando ele acordava.
É importante buscar novos programas na televisão, novos restaurantes, novos sabores.
Viva procurando sempre muitos trabalhos, realize todos os sonhos que se mantiveram um pouco de escanteio, porque seu coração batia tão forte quando via a boquinha que entortava para sorrir, realize, tudo que for seu, tudo que está ali, se cuide, se ame, tome muitos banhos de piscina (cachoeira, rio e mar se for possivel), descubra um perfume novo.
Agarre seus amigos o quanto puder, vale espremer, beijar, brigar, passar rasteira, brincar de lutinha, dar muitas palavras de afeto, até aquelas que você guardou para ele, mas nunca disse por medo de ele ir embora.
Vale nesse momento ser feliz e sambar no quintal ao som de Jorge Ben Jor, vale tomar muita cerveja e falar sobre seus projetos de ganhar na loteria e viajar com os amigos para Ibiza, para as Ilhas Gregas ou mesmo de fazer eternos churrascos regados a cerveja e samba de boa qualidade.
Vale reviver aquele amor por Chico Buarque, falar besteiras com gente desconhecida.
É imprescindível abraçar um filhote de labrador, e levar um poddle para passear e ver o sol cair ao redor da água, é necessário comer muita comida japonesa e ver gente que a tempos não eram vistas.
É importante ver sua carreira decolar, dar chocolates aos filhos dos amigos só para ver as caras meladas de doce.
É maravilhoso suportar toda saudades daqueles beijos e das mãos e pés macios, de gente que nunca carregou peso, ou ficou bravo. Mais importante é se convencer de que tudo pode criar vida nova, novo significado, e que daqui um tempo você poderá ver aqueles seriados, comer em certos restaurantes, pintar as unhas de vermelho sem sofrimento, que um dia aquela nudez que te atormentava e te deixava feliz será uma lembrança de gaveta, que os braços quentinhos não estaram mais na sua cama. Mesmo que agora ou até depois você deseje ver o par de pernas e as marcas de travesseiro na cara. É importante entender que as coisas só tem um fim quando precisam desse fim.
Receita para esquecer, o que não quer se esquecer, é agarrar os detalhes diferentes da vida, os quadrinhos, as voltas de patins ou com os cachorros, aquela palhaçada de fim de tarde no domingo, o sorvete enorme, o vídeo engraçado, as pessoas que vem ou que vão.
É imprescindível, tomar chás ir ao massoterapeuta procurar alternativas, mas acima de tudo é necessário se pertencer.