quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pertencimento

Você me deixou fazer as malas, me deixou andar em direção oposta, eu ainda esperei por um retorno, minha bagagem ficava ali a disposição para correr em sua direção, sem pestanejar eu cruzaria o país, cruzaria o Atlântico, entraria em um pequeno bote e remaria até não ter mais forças. Com o tempo eu desfiz as malas, acomodei os vestidos, reorganizei tudo em seu lugar, mas o lugar ainda não era esse.
Você ainda insistia em não aparecer para dizer que se arrependeu, ou só para dizer que você leu com carinho minhas palavras, mas não foi bem assim você deu seguimento a sua exsitência, saiu com pessoas novas, conheceu novos bares, novos caminhos diferentes daqueles que passavamos cotidianamente, eu ainda insistia nas mesmas lembranças, nas mesmas vontades.
Eu bem que avisei um dia tudo vai passar, mesmo que eu saiba que essa noite minha cabeça foi sua, para acender mais uma esperança, para eu revirar suas fotos que estão guardadas, mesmo que eu ainda esteja escrevendo um texto ao som de uma música triste com som de piano que deprime e uma voz suave que faz meus olhos não suportarem, eu estou nascendo de novo.
Renasci, e nada irá me tirar o desejo de lutar por algo melhor, por um futuro de sorrisos e não mais de saudades escondidas.
Aquela mala que eu organizava para você dia após dia agora é minha, eu recoloquei uns cheiros, uns livros, umas roupas e umas músicas bacanas e tomei o caminho oposto. Eu atravessei um linha tênue para outro lugar, não foi apenas uma travessia geografica, foi também um tempo de travessia, uma transição para um outro plano ou melhor outros planos.
Eu ri de verdade (faz um tempão que não conseguia), eu ouvi outras músicas eu dancei, suei até não poder mais, eu abri meu coração para gente que eu conheço e que me conhece mais do que você. Eu dormi uma noite toda, comi em um restaurante com a companhia de amigos de longa data, fui a livrarias comprar presentes para mim, pintei minhas unhas e meus lábios de carmim, sabe para que?
Para que eu mesma olhasse e finalmente sorrir.
Segui outros caminhos, cheguei em outros caminhos, fui aceita com toda minha poesia e amor, vou  ser aceita por diversos motivos, reecontrei o que eu havia perdido por uma paixão burguesa (parafraseando um professor) meu caminho está sendo refeito em outra direção.
Se eu disse que ainda não doi ou não vai doer, seria mentira, ainda estou derramando lágrimas incessantemente, mas os tempos de travessia são assim mesmo, eu já consigo vislumbrar alegria por ter sentido outra boca, por ter seguido outro rumo, por me pertencer novamente.
E mesmo que eu tente relutar me pego pensando ás vezes o que você fará quando nem mesmo minhas noites de sono te pertençam?
Devagarinho você vira uma lembrança, ora dolorosa, ora feliz mas ainda uma lembrança.

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