sexta-feira, 15 de novembro de 2013

as mentiras dos tempos

Meu querido primeiro eu quero te desejar uma boa noite, de sonhos de tranquilidade, sem dores, sem pesadelos.
Depois que eu te deseje uma longa noite nos braços de Morfeu (para não ser repetitiva), queria muito dizer sobre o que sinto e sobre o que penso.
Mesmo que pareça bobagem, mesmo que seja muito batido e rebatido, mais do que clichê, pensei sobre a vida, na verdade me fiei na passagem dela.
Notei que eu nunca havia atentado para o sabor das coisas, certas coisas ardem, outras adoçam, nunca imaginei cheirar coisas com vontade, apenas cheirava,  hoje noto a suma importância dos cheiros nos acontecimentos. Eu jamais entenderia a maravilha da minha infância sem cheiro de Choco Milk, groselha e guarda-chuva de chocolate.
Outro sentido importante é o tato, e se não eu soubesse da sua mão grosseira de gente grande para passear por aí?
Meu querido como deixei passar tudo isso de maneira indolente, irresponsável ?
Quer dizer então que um dia eu deixei tudo de lado?
Então fiz uma retrospectiva silenciosa.Eu nasci, me registraram com essa graça, não contentes em me deixar exposta aos civis fui fazer parte  da sociedade religiosa para ser moralmente respeitada. aí fui me educar, para aprender a ler aprender, apreender e bláblá. Fui trabalhar, ganhar dinheiro, cumprir, gastar, consumir.
Mas, meu querido seja sincero como você sempre foi, aquela coisa de nos olharmos e sabermos. Quando foi que a vida passou pelas janelas das casas em que eu sobrevivi e não vivi?
Passei uma tarde pensando, uma vida e ainda não entendi.
Quando foi que deixamos de nos aproximar mesmo que para discordar?
Deixamos a vida se reproduzir de maneira mecânica e matemática, hoje quando tempo não parece infinito e sabemos que seus braços e abraços são  findos,  meu olhar sobre seu pequeno corpo de monge tibetano, agora prefere notar seu cheirinho, suas mãos ainda grosseiras e falar sobre coisas e mentiras que apenas nós dizemos um para o outro.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um minuto

Eu costumo olhar pelas grades da janela do quarto, ver a mesma rua, a mesma vizinhança todos os dias pelos losangos que me protegem e me impedem de atravessar a vizinhança, o bairro, o mundo.
Um minuto de coragem é o que me falta para arrancar o que não me permite transpor a caixa em que me enquadro, onde me prendo, um minuto de coragem para mudar.
Quebrar as regras que se impõe pele retângulo feito para olhar e ser olhado com segurança.
E por mais clichê que isso possa parecer a vida passa tão depressa, que não cabe no espaço de uma canção, um dia eu posso piscar ou nem mais abrir os olhos para a vizinhança que acompanhou o crescimento, a rebeldia de butique, o diploma, a vida assalariada.
Eu poderia ter menos de um minuto de coragem para não deixar nada escapar. As rugas dele e dela que tentam transitar por uma existência ainda me parecem distantes, foram sessenta anos de caminhada, vinte e sete almejando por sonhos através das grades que podem sumir dali ou ficar por aí para garantir que medo não só se avizinhe, mas que ele permaneça.
Um minuto para correr da vizinhança, da doença, um minuto para correr em direção a ela, e dizer que eu vou viver.
Nesse momento penso nas rugas da testa, dos óculos e da camisa fechada, no barulho das panelas e na vizinhança que acompanha tudo através da grades verdes dispostas a anos. Um cigarro fumado na madrugada, uma lágrima reprimida, uma esperança fujona e a necessidade de um minuto de coragem para falar sobre a saudade, para dar aquele telefonema, um minuto que agora parece tão pouco, que não permite que a canção termine, um minuto do qual vou sentir falta.
Como da primeira vez que se vê o oceano um minuto que se basta, uma poesia ruim, para não estrangular o mundo que se avizinha o tempo que finda.

sábado, 9 de novembro de 2013

Hoje desejo ser poeta, pois esses seres que pelo mundo passam deixam uma obra de beleza, apenas eles sabem sobre a beleza das coisas.
Desejo de todo coração escrever versos, um poeta olha uma cortina balançando ao vento e enxerga a saia de sua amada a rodar no samba, um poeta veria o azul do céu nesse dia esplendoroso e conseguiria deixa r esse azul ainda mais doce. Falta me faz ser poeta, eles bebem com classe, fuma cm charme, conseguem transformar o disforme em forma de amor.
Lamento por não ser poeta, pois se eu fosse, escreveria um poema sobre o verde peculiar dos olhos ainda renascendo de uma noite de uma longa noite de sono, porque se eu falasse em estrofes sobre os desenhos, que consigo ver m todos os lugares quando encontro certo aconchego que nem o cobertor da infância traria.
Se eu fosse como o Vinicius eu escreveria um soneto para você, mas me falta o talento do Neruda para falar de sentimentos. Eu sei sentir, mas não como os poetas, porque se eu soubesse você ia ver só....
Seus olhos de preguiça e de ressaca como os de Capitu seriam os felizes proprietários dos versos mais bonitos.
Como não sou poeta, mas sou larapia furtei para o colo mais gostoso da galaxia, muitos poemas e uma meia duzia de canções de todas as culturas, quem sabe se eu fosse pintora saberia também poderia pincelar sobre aquilo ou aquele, sabe aquele, você sabe não é?
Como me faltam uma meia duzia de palavras ou mais nessa prosa mal escrita... achei de bom tom roubar um verso...
verso que fica em segredo para ser entregue me papel as escondidas.