sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O coração com trilha sonora

Alguém me disse que o amor sem trilha sonora de nada vale. Mas, acho que  o amor sem trilha sonora seria menos dolorido nas ausências que nos trazem por aí.
Estou olhando os discos nas paredes do quarto e pensando o que eu farei com eles. Assim como eu penso o que será feito de todos os papeis de doces, os desenhos, os bilhetes, os livros e aquilo que é trocado. O que se faz com os cobertores?
O amor não deveria ter trilha sonora. Ele deveria ter apenas canções de felicidade, não aquelas de medo, não aquelas de saudades, de fato são belas, mas são tão doloridas. Elas apenas inspiram a escrever aos desconhecidos sobre uma dor que se faz companheira. Você realmente desejaria que alguém viesse curar suas feridas, imagina o quanto seria lindo se ele estivesse ali de cabelos umedecidos com os braços bem abertos para acolher nos longos braços seu corpo dolorido da viagem.
Quantas vezes você irá olhar para desconhecidos e chorar, quantas vezes você irá disfarçar a dor, quantas trilhas sonoras serão necessárias para doer mais ainda.
Mas amor para ser amor deve ser dolorido regado pelo álcool e com aquela trilha sonora, da primeira noite de blues juntos, do primeiro beijo na beira da escada?
E me entrego a minha trilha sonora, pedindo para você voltar, recolhendo os cacos do que me resta, imaginado acordos que criariam a paz até mesmo no Oriente Médio.
O amor não deveria ter trilha sonora, abriria uma exceção para ter trilha sonora de quando seus longos dedos entrem pelos meus cabelos, aí nas noites de amar o amor deveria ter trilha sonora.