Alguém
me disse que o amor sem trilha sonora de nada vale. Mas, acho que o amor sem trilha sonora seria menos dolorido
nas ausências que nos trazem por aí.
Estou olhando os discos nas paredes do quarto e pensando
o que eu farei com eles. Assim como eu penso o que será feito de todos os
papeis de doces, os desenhos, os bilhetes, os livros e aquilo que é trocado. O
que se faz com os cobertores?
O amor não deveria ter trilha sonora. Ele deveria ter
apenas canções de felicidade, não aquelas de medo, não aquelas de saudades, de
fato são belas, mas são tão doloridas. Elas apenas inspiram a escrever aos
desconhecidos sobre uma dor que se faz companheira. Você realmente desejaria
que alguém viesse curar suas feridas, imagina o quanto seria lindo se ele
estivesse ali de cabelos umedecidos com os braços bem abertos para acolher nos
longos braços seu corpo dolorido da viagem.
Quantas vezes você irá olhar para desconhecidos e chorar,
quantas vezes você irá disfarçar a dor, quantas trilhas sonoras serão
necessárias para doer mais ainda.
Mas amor para ser amor deve ser dolorido regado pelo
álcool e com aquela trilha sonora, da primeira noite de blues juntos, do primeiro
beijo na beira da escada?
E me entrego a minha trilha sonora, pedindo para você
voltar, recolhendo os cacos do que me resta, imaginado acordos que criariam a
paz até mesmo no Oriente Médio.
O amor não deveria ter trilha sonora, abriria uma exceção
para ter trilha sonora de quando seus longos dedos entrem pelos meus cabelos,
aí nas noites de amar o amor deveria ter trilha sonora.