quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Resignação...

Fui olhar novamente o significado de uma palavra no dicionário.
Resignação: espiritualidade, concientização, aceitação.
Faz um certo tempo que ando pensando sobre o tempo, sobre as marcas de expressão que estão surgindo em meu rosto, elas estariam ali por muitos motivos, alegria, ira, tristeza.
Eu envelheci, envelheço a cada dia que o sol se põe.
E ainda não consegui ou tento conseguir me concientizar, espiritualizar, principlamente com relação ao tempo e aos finais.
Nessas ultimas semanas pensei que se escrevesse uma canção, fotografasse, tocasse violão ou mesmo escrevesse um poema tudo se acertaria. Nenhuma canção ou poema foi escrito apenas observei minhas expressões no espelho e não encontrei resignção perante o que aconteceu.
Os finais são tão dificeis, é quase impossivel não buscar culpados, esbravejar, chorar ao ver um olhar artístico.
Ainda olho para as minhas mãos, meus olhos, minha boca, meus cabelos e tento entender o que foi que eles não tocaram, ainda afirmo que fui abandonada por todas as forças superiores, porque tudo escapou ao meu controle, meus amigos foram embora e já não posso ir aos domingos problematizar minha dor com eles, mais velhos e mais espertos. Ainda não entendo o que foi que faltou?
Seria meu espirito envelhecido por certas leituras, minha boca indomável perante a fome, a duvida, a violência?
Seria aquela carta, ou convite que demorou a chegar, a distância que não me permitiu sorrir ao acordar.
Nobreza dentro do meu coração tem me faltado, palavras de saudade em compensação brotam aos montes.
Quero aceitar que não existirão mais almoços de domingo, nem praias para visitar nem blusas para aquecer, que começou e para mim chegou um fim, de textos nesses espaço, de ansiedades, de saudades, de esperas, de malas feitas.
Desfiz aquela mala, escondi no em cima do guarda roupa, camuflei as flores do vestido agora mortas de tanto esperar, por entender que chegou o tempo da resignação, da travessia, mesmo que eu me prenda ao solo, meus pés já afundaram e só me resta ler aquela palavra no dicionário, correr, parar, olhar no espelho e ver vincos formados por saudades e tristezas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ordem do dia

Em frente a um poste que dizia, PARE,  eu parei e proferi o que dias de reflexão me trouxeram:
- Quero ser feliz!
Acho que nunca havia verbalizado esse desejo, nunca tinha exposto minha necessidade de ser feliz, fosse como fosse, sendo quem de fato eu sou.
Essas conclusões não são epifanias, não são causadas por canções saudosas e nostálgicas, elas são fruto de um longo e gradual processo.
Confesso que muitas vezes achei que a tristeza tinha lá seu charme, cheia de melancolia eu escrevia melhor, era mais profunda, mais misteriosa.
Porém, quem foi que disse pra mim que a felicidade não é charmosa, abarrotada de savoire- faire? A felicidade é tão descontralada, tão indecente, tão questionadora.
Por muito tempo se tenta agradar ou usar a razão, quero me despir dessa convenção. Quero estar alegre.
Leituras de ônibus e cabaceira da cama, falavam sobre Sócrates, o questionador ateniense, que dizia em certos momentos que era impossivel ser feliz negando aquilo em que se acredita, criando prisões em torno de si. Resolvi ouvir o filósofo que mora em mim e abrir as portas para o Mundo de Sofia, viver nas pontas dos pêlos dos coelhos, observar o mundo com curiosidade, munida de razão, mas também de um coração cheio de afeto, que me dizia sobre como é fundamental ser feliz.
Você se esconde atrás do labor, das paredes de concreto, mas ninguém deveria se esconder das descobertas e do poder que elas tem.
O vida é tão fugaz, as defesas tão grandes, e os esconderijos maiores.
Lembrar de que algumas pinturas não se formam novamente, de que fruir o que está ao redor é necessário.
Lembrar que as tardes de piadas, os apertos de mão, os lanches nos bancos, os abraços embaraçados, são muito maiores e de suma importancia perante aquele rancor, aquela lembrança de um lugar onde nem discussão existiu, porque a rota de fuga foi imediatamente usada.
E porque só lembrar, porque não tentar?
Ofício do passado nos torna tão duros com ele, ir contra o pêlo parafraseando Benjamin, mas, não deveria esquecer que existe tudo pode ser recriado e certas memórias, mesmo nos pareçam traidoras devem ser mantidas. Não se vive de lembrança, mas se busca na história aquilo que necessário para compreender o passado e não desisitir dele, o presente.
Recomeço, ressignificação, força e doçura são as palavras de ordem.